Compromisso global pela qualidade do ar

Meio ambiente e Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 90% das pessoas em todo o mundo respiram ar poluído e que isso seja causa direta ou indireta da morte de cerca de 7 milhões de pessoas por ano. No Brasil, a situação não é diferente e as principais fontes de poluição do ar são as queimadas e a queima de combustíveis fósseis em atividades industriais e em veículos particulares. O fumo passivo também é uma importante fonte de poluição do ar em ambientes internos e pode ter um grande impacto na saúde da população.

Por todos estes motivos, o tema da qualidade do ar tem ganhado cada vez mais relevância no cenário mundial. A OMS chegou, inclusive, a promover a primeira Conferência Global sobre Poluição do Ar e Saúde em 2018, levando o assunto para o nível mais alto da governança mundial. No encontro realizado em Genebra, governos nacionais, municípios, organizações internacionais e representantes da sociedade civil discutiram a estratégia de combate ao problema. A conferência não foi uma iniciativa isolada. Ela é parte de um grande movimento internacional, de empresas e governos, para combater a poluição do ar em prol de um desenvolvimento mais sustentável.

Agenda 2030

A Agenda 2030 é um plano de ações desenvolvidas das Organizações das Nações Unidas (ONU) que reflete os objetivos globais para a promoção do desenvolvimento econômico, social e ambiental até o ano 2030. O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável com objetivos e metas que os países podem adotar de acordo com suas próprias prioridades. A qualidade do ar aparece como um assunto transversal e é tratado através de metas e indicadores relacionados à saúde, ao lado temas como nutrição, violência, água e saneamento.

Campanha global Breathelife

Ainda na esfera da governança global, a campanha BreatheLife, organizada em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONU Meio Ambiente e o Banco Mundial, mobiliza as comunidades para reduzir o impacto da poluição do ar na saúde e no clima. Ela funciona por meio de uma rede que integra cidades e países do mundo todo para capacitar indivíduos, expandir o monitoramento e criar demanda por novas soluções além de compartilhar as melhores práticas que vêm sendo adotadas para atingir as metas de qualidade do ar da ONU e OMS para 2030.

Iniciativa privada

A qualidade do ar que respiramos é um assunto levado à sério não só por organismos internacionais. Empresas do mundo todo têm iniciativas para se adequar às novas demandas da sociedade, desenvolvendo produtos inovadores e melhorando processos internos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a 3M projetou um material capaz de transformar telhas comuns em ferramentas para combater a poluição do ar. O material é um tipo de grânulo, parecidos com os usados para revestir telhados e ajudar a manter o ambiente fresco. A grande diferença é que estes grânulos possuem um revestimento fotocatalítico que, ao ser ativado pelos raios solares, transformam produtos químicos presentes no ar em substâncias solúveis em água facilmente laváveis.

As paredes verdes da startup alemã Green City Solutions são outro exemplo de solução inovadora para melhoria da qualidade do ar. As paredes são feitas de uma variedade de tipos de musgo e outros tipos de plantas que são alimentadas pela luz solar e água da chuva. Os criadores dizem que a estrutura pode absorver tanta poluição quanto centenas de árvores usando apenas uma fração do espaço, além de ter um efeito refrescante nos arredores.

Outra solução inovadora parte da Arborea, startup inglesa que está desenvolvendo o que chamam de Folha BioSolar. A Folha Biosolar é um conjunto de grandes painéis cobertos com minúsculas plantas capazes de absorver dióxido de carbono e liberam oxigênio a uma taxa equivalente a 100 árvores. O sistema também funciona como um cultivo que gera biomassa orgânica da qual são extraídos aditivos alimentares a base de plantas. O projeto piloto está sendo desenvolvido em Londres, no Campus da universidade Imperial College, que está financiando o projeto.

No México, a iniciativa Absolut Street Trees, apoiado pela fabricante francesa de álcool Pernod Ricard, envolve artistas pintando murais gigantes na capital do país usando uma tinta capaz de purificar o ar em um processo semelhante à fotossíntese. Quando a tinta é exposta à luz solar, a tinta reage com o ar absorvendo gases e liberando oxigênio através de uma reação química. Os criadores do projeto dizem que a tinta dura até dez anos e os murais devem neutralizar o equivalente à poluição criada por cerca de 60.000 veículos por ano.

Já no Brasil, empresas como a Vale, a Braskem e Natura firmaram o compromisso de reduzir suas emissões de carbono com metas ousadas até 2030. O objetivo, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e ao Acordo de Paris sobre mudança climática, é de se tornarem empresas neutras em carbono até o ano de 2050. Isso significa que, até este ano, suas emissões de carbono serão neutralizadas ou compensadas com iniciativas ambientais. Para isso, essas empresas estão apostando em eficiência energética, melhorias de processos e novas iniciativas para diminuir os impactos ambientais da queima de combustíveis, principal fonte de gases de efeito estufa e partículas de poluição nessas empresas.

O assunto deve ser uma prioridade para o planejamento político e econômico das próximas décadas. Governos nacionais, estaduais e municipais, além de empresas do mundo todo, estão voltando seus esforços para compreender e atender às novas demandas que estão surgindo e que ainda vão surgir. Qualquer empresa ou governo que não leva em conta a importância da qualidade do ar em seu planejamento estratégico está um passo atrás de seus concorrentes e competidores a nível global.

Referências:

https://news.un.org/pt/story/2018/10/1645342